É assustador pensar que dali pra frente você deixará de ser vista como um ser independente de sua cria - sim, infelizmente isso acontece. O nascer de uma mãe é um processo doloroso, constante e praticamente interminável. Perdi a conta de quantas vezes eu chorei desde a gestação do meu filho, hoje com 5 anos. Não sei quantas vezes ainda vou chorar, seja de medo, solidão, ansiedade, alegria ou preocupação.
Depois de ter filho, você se cansará de ouvir "E a criança, tá com quem?" quando resolver sair pra se divertir (isso se conseguir sair). Numa entrevista de emprego: "com quem ficará seu filho quando você estiver trabalhando?", sendo que a mesma pergunta não é direcionada aos candidatos homens. Isso sem falar nas tantas vezes em que nossos direitos são violados nos hospitais, maternidades e na saúde pública em geral.
Ser mãe é andar numa rua florida cheia de pedras pelo caminho. Sem romantização por aqui. Amo meu filho mas não escondo de ninguém que a maternidade foi a escolha mais solitária que já fiz. Não existe "dom para a maternidade". Existe aprendizado, escolhas, processos e muitas dificuldades. Eu nunca mais enxerguei as mulheres da mesma forma, porque nunca sabemos ao certo o que aquela mulher-mãe enfrentou até aqui. Nenhuma criança vem com manual de instruções e se já é difícil lidar com um adulto, imagine com um ser que está aprendendo a existir nesse mundo.
Muitas vezes os relatos da maternidade real ficam restritos aos grupos de apoio no Facebook, porque ninguém de fora entenderia esse furacão silencioso dentro da gente. E sinceramente eu estou bem cansada de precisar falar sobre o assunto por baixo dos panos. É conversando que a gente se conhece e se ajuda ao mesmo tempo. Se não for pra ser assim, não tem sentido continuar escrevendo!