Há tempos eu gostaria de voltar a falar sobre moda alternativa no blog, mas num belo dia eu me perguntei "será que EU ainda sou alternativa?". Desde que engravidei meu estilo mudou muito, seja pela inevitável maturidade que me acompanhou nesse processo ou pelas mudanças no meu corpo (que também não foram nada suaves).





Eu sempre gostei de moda alternativa. Gastei meus primeiros salários na Galeria do Rock - importar roupas de sites gringos era luxo e quase nenhuma marca enviava para o Brasil naquela época. Eu me sentia bem com roupas justas, cheias de fivelas, corpetes, amarrações e botas de cano alto. 


Direto do túnel do tempo - 2010
Em 2010 meu quadro depressivo começou a se acentuar e eu comecei a engordar, mas nada que afetasse muito minha autoestima. Foi em 2012, quando dei à luz, que meu peso nunca mais voltou a ser o que era. Eu perdi todas as minhas roupas praticamente. Já não usava calça jeans porque perdi a conta de quantas vezes chorei em provador de loja. 

Como a moda alternativa não prestava muita atenção às pessoas gordas - até escrevi sobre isso para o blog Moda de Subculturas, já viram? - simplesmente abandonei o estilo por não encontrar peças versáteis para o cotidiano em tamanhos maiores depois que me tornei mãe. 

Meu gosto musical também foi ampliado: passei a consumir muita MPB (Chico Buarque, Elis Regina, Cazuza, Milton Nascimento) e rap nacional. Coisas que eu via com um certo preconceito na minha adolescência tornaram-se uma forma de terapia e até mesmo de estudo. Eu não me vejo mais de outra forma.



Descobri o minimalismo quando esse assunto ainda nem era moda. Eu simplesmente não tinha mais tempo pra me arrumar ou pensar em grandes produções, vestia uma calça com camiseta preta e estava tudo certo. Aquilo foi se adaptando ao meu momento e eu passei a me sentir muito mais confortável dessa forma. Eu havia perdido a vontade de me arrumar muito e até a maquiagem fui deixando de lado.

Hoje, com meu filho um pouco maior, estou reaprendendo a ser quem eu sou, a Carolina sem o rótulo exclusivo de mãe. Me considero uma gótica aposentada, como diz a Anna Costa. Acredito que precisamos deixar os rótulos de lado, inclusive no próprio meio alternativo. Porque ser alternativo não é apenas uma questão de estética, de marcas que você ostenta e puxa-saco.

Eu não mudei minha essência. Continuo acreditando na justiça, no combate a desigualdade social e no respeito. E o gótico também pode se ajustar à isso. Não vou comprar botas caríssimas apenas para dizer que as tenho em minha "coleção". Não vou comprar em sites chineses, sabendo da exploração dessa população, apenas para tirar fotos bonitas e postar no Instagram. Trazer essas questões para o modo como me visto foi fundamental. 

E vocês, como encaram o passar do tempo? Seu estilo também mudou? 

Um Comentário

  1. Também sinto que mudei meu estilo, porém foi mais questão econômica mesmo, eu nunca tive muito dinheiro para comprar roupas, então estou sempre vestindo a mesma coisa por anos até desgastar :c
    Queria ter mais acesso aos estilos que gosto

    Com amor, ♥ Bruna Morgan

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